Escolha um presente

 

(A Esquerda Mestre Sênior Ursula Lima, centro, Gran Mestre Moy Yat e mais a direita Mestre Sênior Julio Camacho)

Escolha um presente. Escolher um presente de aniversário para alguém é sempre divertido, calibra a relação, revela de certo modo a imagem que carrega consigo dela.
A Mestre Sênior Ursula Lima é uma personagem de importância e participação ímpar dentro da construção do nosso Clã, começou a sua jornada ao lado do Meu Si Fu, Mestre Sênior Julio Camacho no primeiro núcleo aberto por ele. Acompanhou não somente a fundação como auxiliou na estrutura dos primeiros Núcleos onde meu Si Fu plantava as sementes que hoje formam nosso Clã.

(Mestre Sênior Ursula Lima no aniversário do Líder do Clã Moy Jo Lei Ou)


A Mestre Sênior Ursula Lima, mesmo quando inaugura sua própria família, Moy Lin Mah e funda seu próprio centro de transmissão, o núcleo Copacabana, faz isso em um processo muito irmão e sintonizado ao do meu próprio Si Fu (mestre Sênior Julio Camacho), de forma que meu ingresso na família Moy Jo Lei Ou se dá após a fundação da Família Moy Lin Mah e eram clara as reverberações do trabalho feito por ela junto ao meu Si Fu nas bases.

(Titulação de Mestre Qualificado da hoje Mestre Sênior, Ursula Lima)


Saber tudo isso sobre ela ironicamente não me ajuda a escolher um presente de aniversário, só me deixava mais nervoso e lembrar de uma história que li num livro caipira sobre Haicais. Nesse livro o autor narra sobre um jovem ansioso que colhia maracujás, colhia reinando (reclamando) maracujás, até que um bom senhor o interrompe e diz: "Deixa assim não colha maracujás eles caem" E segue explicando que maracujás caem quando maduro e não estragam no tombo.
O encantamento de identificar o tempo das coisas, e do maracujá quase me tira atenção do preparo, só é possível a legitimidade e a queda do maracujá com devido zelo e cuidado, eu sei porque pesquisei um pouco a respeito. Descobri que o maracujazeiro é uma planta trepadeira o que significa que ela precisa de apoio e um preparo específico, como um fio de arame ou semelhante comumente chamado de tutor, que serve como guia e a ponta a direção ao qual ela deve crescer e deflorar. É impressionante a quantidade de passos necessários para se cultivar maracujá e eu aqui pensando em deixa que eles caem, o amadurecimento do fruto só se dá após um longo trabalho acompanhando por um entendimento de espera, você trabalha no início para não precisar trabalhar depois.

Gostaria que a ideia de um presente caísse como um maracujá agora, mas aparentemente ainda não era hora e sigo pensando no maracujá, que sentimento genuíno de legitimidade ele deve ter. Toma seu próprio tempo e quando caí não estraga ao tombo.

(Mestre Sênior Julio Camacho e Mestre Sênior Ursula Lima Discutindo projetos)

Me ocorre que talvez sejamos como maracujá, existimos porque antes cuidaram de nós, nos guiaram e esperaram que caíssemos e não estragássemos ao tombo. Não, talvez o nosso Kung Fu seja como o maracujá e nós somos aquele garoto reinento tentando colhe-lo, pensando bem talvez sejamos o maracujazeiro e por vezes o tutor o fio guia. A verdade é que eu adoro analogias mas tenha a impressão que por vezes estico demais elas e ainda tenho um presente a escolher.
De alguma forma essa história toda sobre maracujá coloca em evidência todo trabalho feito pelo meu Si Fu e minha Si Suk Ursula pela geração mais nova de praticantes de Kung Fu, seja na mobilização direta ou indireta. Na experiência vivida no dia a dia junto ou na potência do trabalho já feito que hoje se desdobra em frutos. Consigo finalmente pensar em um presente.

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